quinta-feira, novembro 02, 2006

O acidente radioativo em Goiânia


No dia 13 de setembro de 1987, os catadores de sucata Roberto Santos Alves e Wagner Mota Pereira entraram num casarão abandonado na avenida Paranaíba, centro de Goiânia, onde funcionou um instituto de radioterapia. Saíram carregando um cilindro de ferro de 120 kg. Durante quatro dias, malharam a peça a golpes de marreta até fazê-la em pedaços. Um deles tinha a aparência de uma marmita lacrada. Em seguida, venderam a sucata, ou seja, o cabeçote destroçado de uma bomba de Césio, usada em tratamento de câncer, a Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho. Devair violou o lacre da "marmita" com chave de fenda e foi surpreendido pela luminosidade de uma pedra azul. Deslumbrou-se. Ofereceu o falso brilhante para a mulher, Maria Gabriela. Distribuiu amostras entre os vizinhos, os parentes, a amante. E ficou furioso quando Maria Gabriela, cismada com os efeitos malignos da pedra, levou a tal "marmita" para ser vistoriada na Secretaria de Vigilância Sanitária. Devair já estava perdendo dentes e cabelo. A pele enegrecia. E todos caíam doentes na vizinhança. Henrique Santillo, então governador de Goiás, jura ter tomado conhecimento desses fatos duas semanas depois que a cápsula foi encontrada pelos sucateiros. Idem para a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão responsável pela fiscalização e controle das fontes radioativas no país. Naqueles quinze dias aconteceu de tudo. Pessoas esfregaram a pedra no corpo, jogaram pedaços na privada. Houve quem a transportasse em ônibus e quase lançaram a "coisa ruim" no rio Capim Puba, que cruza Goiânia. A menina Leide das Neves Ferreira, de seis anos, filha de um sucateiro, fez pior. Comeu um ovo cozido com as mãozinhas reluzentes de Cs137. Tornou-se, ela mesma, uma fonte radioativa. Morta dias depois, Leide foi enterrada num caixão de chumbo que pesava mais de 700 kg. O drama mal começava.
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