quinta-feira, maio 03, 2007

Cão sem dono, 2007

___Quando um filme sem pé nem cabeça tem que dar certo, ele dá. Não que o filme de Beto Brant e Renato Ciasca não tem pé...ou pata, ele tem; mas o caso é que felizmente mais uma vez a linha normal digerível foi quebrada. Quando o cachorro Cachorro aparece na tela, é impossível não lembrar Baleia de Graciliano: vira lata, esperto e apaixonante. E de notar que as coisas não estão exatamente no lugar que deveriam estar.
___O personagem principal Ciro ao lado de Cachorro também lembra outro clássico literário Dom Quixote e Sancho Pança; a sincronia perfeita e o climão caseiro são o ponto forte do filme (a atriz iniciante e linda também).
___Ainda bem que o grande vilão da cinematografia brazuca não está presente, a monotonia e o ranço colonialista. Tudo corre de forma natural pra canto nenhum, um filminho agradável e sem pretensão - exatamente o que precisamos. ___Afinal nem todo mundo precisa de auto-ajuda cinematográfica, ver heroínas morrerem em campos nazistas, mocinhos enfrentarem dragões por princesas, ou ainda exemplos de como o ser humano pode ser perfeito e íntegro... que se foda a perfeição, precisamos do esgoto e do nojo também.
___Há, outro que promete mesmos sabores da linha de produto é O cheiro do Ralo inspirado no livro de Lourenço Mutarelli (que dizem ser escrotíssimo).
___Os coadjuvantes também estão perfeitos e os diálogos são diálogos, não leitura de material literal.
___Enfim, assista e veja que a merda ainda fede e que é possível ser verdadeiramente ninguém ainda hoje em dia.

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