domingo, julho 30, 2006

Iracema Macedo - "Chafariz"

O CHAFARIZ

Parece que saí de algum sonho, de alguma caverna
de algum lugar inóspito e aquecido
Imobilizado feito os corpos de Pompéia
virei uma estátua de cinza

Sou uma miragem entre os edifícios
mas tenho a realidade dos fantasmas
a errância dos bardos
a necessidade dos mendigos

Minha imobilidade é um artifício

A todo tempo oscilo
entre a inércia do meu corpo
e a fluidez do rio que abrigo


Comentário: Como diria Nietzsche: "Nada mais assustador que o movimento das coisas paradas"(ou coisa parecida)!
Vivemos num mundo de fluxo incessante e de milhares de pessoas, num mundo cheio e vazio...num mundo de cegos voluntários e de mortos que tomam seus cafés e lêem seus jornais todos os dias...pessoas mortas que estão vivas e que andam. Pessoas que vêem e não vêem, que olham mas não enxergam, que com o tempo param de sentir qualquer coisa, viram máquinas...e ai, já não morrem, pois nunca viveram. Nunca estiveram, nunca falaram, nunca foram. E o vento passa mais uma vez.

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