Subindo o morro
------Espetinho aí pra todo mundo, subir o morro tá moda e tâmo aí na atividade.
------Desde quando os riquinhos e as patricinhas acham que pobre é burro?! Desde quando os intelectuais acham que só eles entendem o esquemão de Gilberto Freyre?!
Nada é o que se pensa, nunca o jogo foi escondido...alguns só viraram a cara pra não ver o ridículo que outros passam.
A moda de subir o morro não é de hoje, na era do cinema da Atlântida centenas de filmes eram feitos em favelões onde se podia dançar um samba e empinar pipa sem temer a polícia ou a fome. Barracos com teto de estrelas. Quantas vezes Eliana (a diva) não sambou e encantou em sua favela querida. O amor está no ar, Carmem Miranda também colocou o seu na reta, fez o mesmo. Muitas fizeram e foram bem sucedidas, é o Brasil de Copacabana e das favelas alegres. No exterior isso aqui era um sonho - a Atlantis de prazeres, dança e alegria permanente. Quanto gringo não sonhou, enquanto muitos morriam de fome.
------O tempo passou, anos 70, 80...certas crises tornaram não só o morro violento como a cidade inteira. Era até mais perigoso a cidade já que dezenas se jogavam das janelas dos prédios. Não havia o que se roubar, logo, o morro foi esquecido. Como uma bactéria, um fungo, o morro cresceu, recebeu novos hóspedes e, sem remédio, começou a incomodar o hospedeiro contaminado. O cheiro de podridão e a negritude fediam de mais, e não dava mais pra ser abafada, excluída ou amputada.
------Mais uma vez não se fez nada. Ou, desculpem, fez-se sim, muitos filmes e muita arte. Nunca a sujeira foi tão mostrada e cutucada. Walter Sales arrancou, de forma meio plástica e capenga (mais arrancou) seu pedaço de lôdo e quase ganhou o OSCAR em Los Angeles, nos “estêites”. Meirelles tirou um pedação e ganhou esperanças falsas, como as que fez ao povo da cidade maldita. E tantos outros que cutucaram e arrancaram taquinhos e tacões de sujeira, barro e lôdo.
------Em Babilônia 2000, um moradora do favelão é entrevistada e pede pra se arrumar, mas os diretores dizem que a querem natural (como se fosse no dia-a-dia), mas ela boba nem nada, faz uma das mais lúcidas criticas da atualidade “ – há, vocês gostam da pobreza né?! Dos lixo né?!”. Ao dizer isso, deixou claro o papel de cada um, o lugar de cada um.
Subir o morro é up, in ou qualquer frescura global. Se sobe o morro hoje pra dançar funk (por que é chique), pra comprar pó (porque é o melhor) ou pra sarrar com um negão (porque também são “mui, mui calientes”). Nunca se sobe o morro sem trazer nada nas mãos, mero escambo índio-português. E ninguém está sendo feito de bobo, só os espertinhos antenados.
------No final fica todo mundo com o OSCAR, boladona boladona.
------Desde quando os riquinhos e as patricinhas acham que pobre é burro?! Desde quando os intelectuais acham que só eles entendem o esquemão de Gilberto Freyre?!
Nada é o que se pensa, nunca o jogo foi escondido...alguns só viraram a cara pra não ver o ridículo que outros passam.
A moda de subir o morro não é de hoje, na era do cinema da Atlântida centenas de filmes eram feitos em favelões onde se podia dançar um samba e empinar pipa sem temer a polícia ou a fome. Barracos com teto de estrelas. Quantas vezes Eliana (a diva) não sambou e encantou em sua favela querida. O amor está no ar, Carmem Miranda também colocou o seu na reta, fez o mesmo. Muitas fizeram e foram bem sucedidas, é o Brasil de Copacabana e das favelas alegres. No exterior isso aqui era um sonho - a Atlantis de prazeres, dança e alegria permanente. Quanto gringo não sonhou, enquanto muitos morriam de fome.
------O tempo passou, anos 70, 80...certas crises tornaram não só o morro violento como a cidade inteira. Era até mais perigoso a cidade já que dezenas se jogavam das janelas dos prédios. Não havia o que se roubar, logo, o morro foi esquecido. Como uma bactéria, um fungo, o morro cresceu, recebeu novos hóspedes e, sem remédio, começou a incomodar o hospedeiro contaminado. O cheiro de podridão e a negritude fediam de mais, e não dava mais pra ser abafada, excluída ou amputada.
------Mais uma vez não se fez nada. Ou, desculpem, fez-se sim, muitos filmes e muita arte. Nunca a sujeira foi tão mostrada e cutucada. Walter Sales arrancou, de forma meio plástica e capenga (mais arrancou) seu pedaço de lôdo e quase ganhou o OSCAR em Los Angeles, nos “estêites”. Meirelles tirou um pedação e ganhou esperanças falsas, como as que fez ao povo da cidade maldita. E tantos outros que cutucaram e arrancaram taquinhos e tacões de sujeira, barro e lôdo.
------Em Babilônia 2000, um moradora do favelão é entrevistada e pede pra se arrumar, mas os diretores dizem que a querem natural (como se fosse no dia-a-dia), mas ela boba nem nada, faz uma das mais lúcidas criticas da atualidade “ – há, vocês gostam da pobreza né?! Dos lixo né?!”. Ao dizer isso, deixou claro o papel de cada um, o lugar de cada um.
Subir o morro é up, in ou qualquer frescura global. Se sobe o morro hoje pra dançar funk (por que é chique), pra comprar pó (porque é o melhor) ou pra sarrar com um negão (porque também são “mui, mui calientes”). Nunca se sobe o morro sem trazer nada nas mãos, mero escambo índio-português. E ninguém está sendo feito de bobo, só os espertinhos antenados.
------No final fica todo mundo com o OSCAR, boladona boladona.
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