segunda-feira, junho 18, 2007

A Pedra do Reino

000“A Pedra do Reino” estreou dia 12 de junho, na última terça, e teve a menor audiência de estréia de todos os tempos entre as minisséries da Globo.
Realmente o povão não entendeu nem a narrativa nem a justificativa (louvável) da microsérie.

000A obra de Suassuna, que trata da força do imaginário popular e da garra de um povo em vencer dificuldades (sejam de origem geográfica ou humana), não agradou a grande massa de expectadores que ficou a ver navios sem entender “bulhufas de pitibiriba”. A maioria, ou esperava novos Chicó e João Grilo a lá Guel Arraes (e não encontrou) ou uma nova série copiando “Hoje é dia de Maria” (o que também não encontrou).
Os poucos que tiveram o desprendimento de ver, e se esforçar (já que a montagem exigia dedicação do espectador) observaram um espetáculo de lirismo e inocência, pura inocência.

000Luiz Fernando Carvalho, diretor também de “Hoje é dia de Maria” e do hermético Lavoura Arcaica, se esforçou para compor uma obra que não fosse representativa (como o espetáculo teatral de Antunes), mas que apenas incitasse uma reflexão em época de cegueira generalizada.
E como foi bem sucedido, e baseado na obra (que por si só já é muito) mostrou como é simples a natureza de problemas seculares no Brasil, como a corrupção, joguetes políticos, passividade social e fanatismo.

000A baixa audiência preocupa?! Claro, principalmente à Globo que ficou atrás da Record com uma novela às 11 da noite (!) e do SBT com sua Lara Croft beiçuda. Mas é relevante lembrar que esse ermo se dá também pelo fato de que grande parte da população no país não tem cultura suficiente pra mais do que uma novela.

000“A maior parte do público não tem bagagem cultural pra um entretenimento mais consistente do que a telenovela, e uma boa parte que tem essa bagagem teve um dia cansativo, quer espairecer” diz Gilberto Braga que complementa “Não estou dizendo que telenovela precise ser idiota, mas não pode exigir reflexão demais.”

Esse foi o problema, atualmente pensar demais dói. Ou não se consegue, ou se tem preguiça de encarar linhas de raciocínio mais longas. Tudo culpa de obras demasiadamente deglutidas (quase como mamães-pássaros empurrando comida macerada na goela de filhotinhos passivos) a lá Malhação (com suas modelos inexpressivas e garotões acéfalos) ou “Homem-Aranha”s deja vus (todo mundo já sabe o começo-meio-e-fim).

Destaques

000N“A Pedra”, o caráter regional predominou e graças a Deus ficamos livres do sotaque global nordestino. Talentos da terra fizeram muito bonito, como o pernambucano de Limoeiro, Irandhir Santos (o Quaderna) que foi irretocável.
000Na ala feminina a protagonista Mayanna Neiva, paraibana (que foi Miss Paraíba em 2003, ganhando o título de Miss Simpatia) arrasou numa deusa agreste encantadora (o bem), e como a Morte Caitana (o mal) que assombrava os homens com sua visita inesperada e inevitável.
Com todo um elenco muito em alta, totalmente inspirado, é uma enorme lástima que o projeto não tenha dado certo.
000Esperemos mais do Quadrante que pretende não desistir e mostrar a todo custo a cara de um Brasil que nem se enxerga mais. Acorda povo!

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