domingo, maio 03, 2009

Amém (2002) - Costa Gavras

Para os poucos que viram a obra desse diretor genial, fica a prova de que a babaquice cinematográfica de Holywood não é lei e que em alguns países ainda se faz cinema sério.
Com uma obra contudente e polêmica, o diretor cutucou uma ferida que ainda sangra - a atuação da santissíma Igreja Católica durante o massacre nazista na Alemanha.

A força do filme está na angústia como é retradada a luta do químico Gernsten (oficial do Terceiro Reich) e do jesuíta Riccardo contra o massacre de milhares, diante da burocracia letal de uma igreja passiva e omisssa. A fotografia fala: as paisagens, principalmente em Roma, são belíssimas, e, por isso mesmo, irônicas e debochadas. O mesmo se diz das cenas de gabinetes, onde a exuberância, pompa e soberba gritam aos olhos. A passagem constante de trens é pertubadora.

Outro trunfo: não são reproduzidas cenas do massacre, tudo fica no imaginário, evitasse qualquer apelação visual (tão comum nas obras americanas). A batalha é a da palavra.
Como um trem à todo vapor, simbolizando a desgraça, morte e destruição dos judeus, Gavras nos atropela com um filme impactante e simplesmente impressionante.
Altamente recomendado.

Marcadores: ,