sábado, junho 23, 2007

No labirinto

"Que os amados dos deuses tocam fímbrias do fogo sem queimar-se também sabem os poetas, pois eles com a luz cresceram e coroam-se humildes na mais santa loucura."
[Foed Castro Chamma]

sexta-feira, junho 22, 2007

As bandas mais perseguidas

Linkin park
A banda que estorou com o superhit “In the end” de 2001, sempre carregou o estigma de rock (nu metal) descerebrado e sem fundamento. Talvez por grande parte de seus fãs serem da faixa 13-17, críticos torcem o nariz pro seu “rock pra iniciante”.

Contra:
* O Linkin Park não costuma inovar muito dentro de sua obra, seguem uma linha reta.
* As letras, sempre abaixo da média.

A favor:
* A mistura do nu metal com o hip hop de Jay Z em “Numb/Encore” é um show a parte.
* Os arranjos bem elaborados são uma constante nas músicas da banda que de vez em quando cria pérolas como “Breaking the Habit”.
* A atitude da banda, sempre coerente e séria, fugindo totalmente do estereotipo de roqueiro sujo e porra-loca.
* Chester é uma ‘gracinha’ e tem cara de Nerd.
* O projeto paralelo de Mike Shinoda com o Fort Minor.

Evanescence
A banda liderada por Amy Lee, intitulada por muitos “A musa do gotic metal” é mais uma das mais perseguidas e o motivo aqui não é só o fato comprovado de a banda ser uma mercadoria de marketing, mas também a de criar pseudos-góticos sem nenhum miolo ou causa.
È verdade comprovada que a banda arrasta multidões de novos rebeldes sem causa e de fãs de ocasião, mas é inegável a sua influência na “democratização” do gênero gótico, que, ironicamente, por natureza, não deveria ser democratizado.
A banda lançou a tendência “gótico de butique” na TV e fez da MTV seu palco de consagração, Amy Lee é a própria deusa medieval encarnada, intocável pra muitos. Mesmo que a banda não seja melhor que outras no seu gênero (como Tristânia e NightWish), tem em si o poder de representação (de uma geração) e esse poder é tão inegável quanto crescente.

Contra:
* A lamúria gótica de tão batida, seja pelas cópias ou por exaustivas sessões de clipes na MTV já encheram.
* Toda a obra do Evanescence é vazia e comercial.
* Amy Lee é a gótica mais não-gótica que existe, já que põe em prática quase tudo que os góticos abominam (como estampar capas de revistas e viver sorridente (?!)).
* A banda criou fãs detestáveis que se juram os próprios góticos autênticos, que se pintam e usam roupas pretas e botas compradas na C&A.
* A banda não evolui, o segundo CD é idêntico ao primeiro.

A favor:
* Amy Lee é deliciosamente linda!
* Amy Lee é fã de Bjork e passou mal ao se defrontar com a islandesa.
* Os clipes são muito legais, ponto positivo pra "Bring Me to Life” que também tem uma letra bem bacana.
* A banda vive brigando - característica fundamental de qualquer banda de rock que se preze.
* É de Amy Lee a frase: “não vou prejudicar minha arte por nada”, em resposta à produção do filme “Crônicas de Nárnia”, que rejeitou uma música sua por ser ‘sombria’ e ‘épica’ demais.
Slipknot
A banda de metal é seguida por um mar de fãs incondicionais que aterrorizam os alheios com suas “atitudes metal” e “seu som pesado”. O que os críticos dizem: “um mar de mané que se acha roqueiro e pensa ter atitude”.

Contra:
* Metal tá muito, muito, muito em baixa.
* Eles bem que deram uma plagiada no Sepultura, e aquele visual é bem parecido com o dos Secos e Molhados.
* Conteúdo, letra? Fala sério né! Já viu metal ter letra?!

A favor
* Seus álbuns e vídeos caseiros atingiram a platina, com indicações ao Grammy nas categorias "Melhor Heavy Metal" e "Melhor Hard Rock"
* As letras da banda sempre foram niilistas, sombrias, raivosas e melancólicas.
* O primeiro álbum da banda “Slipknot” (q original!) é considerado um dos melhores na área do metal e do rock pesado.

segunda-feira, junho 18, 2007

A Pedra do Reino

000“A Pedra do Reino” estreou dia 12 de junho, na última terça, e teve a menor audiência de estréia de todos os tempos entre as minisséries da Globo.
Realmente o povão não entendeu nem a narrativa nem a justificativa (louvável) da microsérie.

000A obra de Suassuna, que trata da força do imaginário popular e da garra de um povo em vencer dificuldades (sejam de origem geográfica ou humana), não agradou a grande massa de expectadores que ficou a ver navios sem entender “bulhufas de pitibiriba”. A maioria, ou esperava novos Chicó e João Grilo a lá Guel Arraes (e não encontrou) ou uma nova série copiando “Hoje é dia de Maria” (o que também não encontrou).
Os poucos que tiveram o desprendimento de ver, e se esforçar (já que a montagem exigia dedicação do espectador) observaram um espetáculo de lirismo e inocência, pura inocência.

000Luiz Fernando Carvalho, diretor também de “Hoje é dia de Maria” e do hermético Lavoura Arcaica, se esforçou para compor uma obra que não fosse representativa (como o espetáculo teatral de Antunes), mas que apenas incitasse uma reflexão em época de cegueira generalizada.
E como foi bem sucedido, e baseado na obra (que por si só já é muito) mostrou como é simples a natureza de problemas seculares no Brasil, como a corrupção, joguetes políticos, passividade social e fanatismo.

000A baixa audiência preocupa?! Claro, principalmente à Globo que ficou atrás da Record com uma novela às 11 da noite (!) e do SBT com sua Lara Croft beiçuda. Mas é relevante lembrar que esse ermo se dá também pelo fato de que grande parte da população no país não tem cultura suficiente pra mais do que uma novela.

000“A maior parte do público não tem bagagem cultural pra um entretenimento mais consistente do que a telenovela, e uma boa parte que tem essa bagagem teve um dia cansativo, quer espairecer” diz Gilberto Braga que complementa “Não estou dizendo que telenovela precise ser idiota, mas não pode exigir reflexão demais.”

Esse foi o problema, atualmente pensar demais dói. Ou não se consegue, ou se tem preguiça de encarar linhas de raciocínio mais longas. Tudo culpa de obras demasiadamente deglutidas (quase como mamães-pássaros empurrando comida macerada na goela de filhotinhos passivos) a lá Malhação (com suas modelos inexpressivas e garotões acéfalos) ou “Homem-Aranha”s deja vus (todo mundo já sabe o começo-meio-e-fim).

Destaques

000N“A Pedra”, o caráter regional predominou e graças a Deus ficamos livres do sotaque global nordestino. Talentos da terra fizeram muito bonito, como o pernambucano de Limoeiro, Irandhir Santos (o Quaderna) que foi irretocável.
000Na ala feminina a protagonista Mayanna Neiva, paraibana (que foi Miss Paraíba em 2003, ganhando o título de Miss Simpatia) arrasou numa deusa agreste encantadora (o bem), e como a Morte Caitana (o mal) que assombrava os homens com sua visita inesperada e inevitável.
Com todo um elenco muito em alta, totalmente inspirado, é uma enorme lástima que o projeto não tenha dado certo.
000Esperemos mais do Quadrante que pretende não desistir e mostrar a todo custo a cara de um Brasil que nem se enxerga mais. Acorda povo!

domingo, junho 17, 2007

Ator pernambucano em novo filme de Fernando Meirelles

00O ator Antero Montenegro, que hoje aparece na telinha como o Gustavo de Moraes em A Pedra do Reino, comemora sua primeira participação na telona, e em grande estilo: ele acaba de receber a notícia que passou no teste do próximo longa de Fernando Meirelles, Ensaio Sobre a Cegueira, baseado no livro de José Saramago. 00Antero ficou com o papel graças ao seu talento, claro, e à fluência no inglês, já que morou durante anos em Los Angeles. Já estão confirmadíssimos no elenco Danny Glover, Gael García Bernal e Julianne Moore. As filmagens começam em breve com locações em São Paulo, Toronto e Montevideo.

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segunda-feira, junho 11, 2007

Aquela dívida

oooooooÉ tudo o preço, tudo, tudo, tudo.
00000Passamos cada dia como quem passa um desgosto. A maioria nem sorri mais. A classe média (espelho do momento histórico) reflete o que recebe, insatisfeito e infeliz, confirmando a maldição capitalista de vivermos todos infelizes e em falta durante toda nossa misera existência. E pior, praguejamos aos mais novos nossos vícios, plantamos na educação nossos defeitos e sujamos tudo ao redor com nossos piores rostos. Somos uma geração de infelicidade gradativa.
00000Tudo é o preço, tudo, tudo, tudo. Normal. Pagamos o preço por uma escolha. Que escolha?! Recapitulemos um pouco: se você perguntar a um terrorista porque ele ao invés de atacar só militar também mata civis, a resposta provavelmente seria essa, “- Num sistema democrático, cada cidadão é responsável pelos atos, posicionamentos e representações do governo – que é seu mensageiro. Cada cidadão de um sistema democrático escolheu de forma democrática seu líder e por isso tem a mesma responsabilidade que um militar e um político.” Bem interessante essa linha de raciocínio, lógica demais até. Pena que nós, ocidentais inteligentíssimos, acabamos ficando meio míopes com o andar da carruagem positivista e perdemos a razão de vista. Já que somos tão canalhas ou medíocres quanto nossos políticos, o preço que nos pagamos é justo. Pesado, mas justo.
00000Então, o que nos resta fazer além de chorar a cara que cai, o carro roubado, o assalto ontem e o desemprego galopante é nos questionar se é realmente justo o preço de pagarmos por algo que nem nos foi perguntado. É como se receber um Big Big de troco na fila do Hiper Bompreço, a fila é grande, o troco estranho e seu tempo curto. Você aceita sem pensar, não tem tempo, o povo da fila saco. Então, tudo bem, siga em frente.
00000E seguimos todos em frente, mesmo que em frente não signifique nada específico.

Especial - Divas - Marilyn Monroe

00Nascida de uma família problemática (pai ausente, mãe doida), passou toda infância pulando de cidade em cidade e de orfanato em orfanato. Vivia na casa de amigos da família, até que em 1937 a família que a hospedava teve de mudar pra Costa Leste e não tinha condições de levá-la. Marilyn teve de escolher: voltar pro orfanato ou casar.

000Em 1942, casou com um sujeito que logo de cara se alistou na marinha, enquanto a pobre menina ficava só, no ermo frio Califórnia. Mas o jogo logo mudou já que um fotógrafo a descobriu do nada "no meio de repolhos" e a levou pro estrelato. De cara a moça agradou e estampou diversos anúncios "de papel higiênico e refri". Mas... o marido voltou lá do cafundó e agora Marilyn tinha de fazer outra escolha: o casamento ou a carreira.
000Norma Jean se divorciou de Jimmy em junho de 1946, e assinou seu primeiro contrato com a Twentieth Century Fox em 26 de agosto de 1946. Ela ganhava $125 por semana. Pouco tempo depois, tingiu seu cabelo de loiro e mudou seu nome para Marilyn Monroe, que era o sobrenome de sua avó.
000Depois de fazer um monte de ponta em filmes médios e pequenos, em 1950, numa aparição-relâmpago (a la Rodrigo Santoro em As Panteras 2), Bette Davis (A Malvada) a apresenta ao mundo. Depois disso... nunca mais o mundo seria o mesmo. Nem os aniversários...

"Happy Birthday..."

Pouca merda: Lauren Bacal, Humphrey Bogard e Marilyn (pra onde será que ele tá olhando?)

Trio parada dura: Marilyn, Bridget Bardot e a bonequinha de luxo Audrey Hepbrun

Insegura?

Bestinha nada:"Os diamantes são os melhores amigos de uma mulher"

Se amostrando: Se sentindo a própria.

A própria definição de musa: um bom motivo pra aceitar o capitalismo.

"Para hoje" de António Manuel Couto Viana

É preciso ficar aqui, entre os destroços,
E cinzelar a pedra e recompor a flor.
É preciso lançar no vazio dos ossos
A semente do amor.

É preciso ficar aqui, entre os caídos,
E desmontar o medo e construir o pão.
É preciso expulsar dos cegos dias idos
A insónia da prisão.

É preciso ficar aqui, entre os escombros,
E libertar a pomba e partilhar a luz.
É preciso arrastar, pausa a pausa, nos ombros,
A ascensão de uma cruz.

É preciso ficar aqui, entre as ruínas,
E aferir a balança e tecer linho e lã.
É preciso o jardim a envolver as oficinas:
É preciso amanhã.

António Manuel Couto Viana in “Nado Nada”, 1977.

Juliane Moore


Educação rima com três-oitão

000000Sabe por que educação é tão necessária à ordem social?!
00000Esqueça tudo o que os politicamente corretos falam: eles falam demais e de forma muito repetitiva. O que importa em relação à educação é que - vivemos num país de ricos e miseráveis. Os ricos têm estudo e dinheiro, os pobres doenças e filhos.
00000A única forma de fazer um pobre cheio de lombriga subir de classe é dar-lhe educação, só com essa ferramenta ele poderá ter dinheiro e sair da linha que divide o pobre esfomeado do traficante de drogas. Já que pobre só atrai desgraça e adora um três-oitão, educação neles!
00000É pra isso que serve a educação na nossa realidade, pra domar os pobre e fazê-los ricos e brancos, só isso.

sexta-feira, junho 08, 2007

Privatizado - Bertold Brecht

"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário.
E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.
"


[Bertold Brecht]

sexta-feira, junho 01, 2007

Lambedor

0000Voa Assum Preto, Patativa, traz um bocado de terra e mostra, que a vida pode ser um mar de rosas.
0000Fabiano levanta todo dia, bebe o café doce que acorda a alma e vê, diante de si, o destino traçado – peixe do mar verde para casa retorna. Ciclo fechado. Amém. Fabianos todos os dias a diáspora realizam, sístole-diástole: pau-de-arara, matula, Padim Ciço. Não crêem no destino já que não sabem ler. Têm a força e isso é tudo, fé.

0000Mãos duras de calejado dia, de um, dois, três, quinze toneladas. Ceifa de tempo, coifa de vida. No mar de cana doce, dezenas amargam a morte todo o ano. Bastiões, Antônios e Josés...cegos e presos a uma vida Severina, nada hermética ou Sebastianista. A vida não é ilusão, é: dura, seca e burra.

0000Alento ou salvação?! Absolutamente não. O “sinhôzinho” é herói da nação biosalvação. Modernidade e crescimento rimam com Dona Zefinha, suja de sangue e lama - escrava enfartada de mel. Entropia social. O café doce que estraçalha a alma.

0000Doce é o Senhor, o resto é bagaço.

0000As plantações avançam, desertos verdes e grandes queimadas, gringo quer ver – os milhões do etanol. Êita nós Severino, que pra gente só resta a pinga!

0000Voa Assum Preto, traz um bocado de terra e mostra, que a vida pode ser um mar de rosas. Traz, porque Severino já não acredita mais no doce que a vida faz.
Baseado no tema "Ouro verde do nordeste".